Por Fred Berli
Não é segredo para aqueles que me conhecem, que tenho uma imensa vontade de ver a Cena Independente da Capital das Gerais romper a barreira da Av. do Contorno. Afinal, apesar da Savassi contar com grandes iniciativas no fomento à cena ao longo dos anos, esses movimentos quase nunca caminharam no sentido de tornar a cena da música independente acessível a outras regiões de uma cidade do porte de BH, e entenda-se aí, de seu entorno também.
Muitas das vezes, além das grandes dificuldades que produzir um evento de música independente fora do Centro-Sul tem por si só, estas ações esbarram em certos preconceitos que beiram o xenofobismo. Afinal, não poucas vezes ouvi as expressões “povinho feio”, “Zn´s”, “gente esquisita” dentre outras, serem empregadas pelos intitulados “In´s”, “Cult´s” e “hypes” para “qualificar” as pessoas que moram nessa região. Por tabela, parece que se esquecem ou desconhecem de algo que Milton Nascimento e Fernando Brant registraram magistralmente em “Nos Bailes da Vida”: “Todo artista tem de ir aonde o povo está”.
E o lançamento do Coletivo Semifusa, no último sabádo em Ribeirão das Neves, só fez reforçar minha convicção de que descentralizar é o caminho do artistas indepenente para conquistar público.
Foi daqueles shows onde você toca e sai com a sensação de que toda sua correria vale e muito a pena: Praça lotada. Publico atento. Run + Coca Cola. Crianças brincando de ser roqueiras. Vinho Chapinha. Ótima estrutura. Janie-Janies na praça. Òtimos shows. Skatistas e suas manobras na praça durante os shows. Piriguetes e Roqueiras desfilando no público, cada uma na sua. Zero de confusão. Aplausos, tietagem e contatos para futuras apresentações. Enfim, tudo que um bom festival de rock tem que ter. Tudo isso, “Fora do Eixo” de BH. Pasmem senhoras e senhores: “ZN´s” também consomem o mercado independente !!!
Semifusa, parabéns pelo evento ! Agradeço em nome do Azimute e do Manolos Funk a oportunidade que nos foi dada de partilhar dessa experiência. Até porque dada nossas origens, que tem muito em comum, sabemos o quão difícil é fazer um evento desse porte numa cidade como Ribeirão das Neves. É a prova que sim, nós podemos ! E sem a “Bullshit” que esta expressão carrega depois da eleição de Mr. Obama.